- carolpanesi
Letra de Lúcia Helena Galvão
Senhor, concedei-me a Poesia...
Sem ela, as cores se afastam,
e a vida que resta é tão fria...
E o coração já duvida,
e o tempo é convertido em nada,
e a alma se cala, sombria,
e o fio se perde, na espada.
Senhor, concedei-me a calma
por trás do vibrar da matéria.
Ensinai, Senhor, como a Alma
destoa ao pulsar da artéria,
mas toma, no ar, vosso pulso,
vê vossas pegadas, no espaço,
estáveis, ainda que etéreas.
Senhor, concedei-me a confiança
que alenta os que marcham sem medo.
Que os sonhos nos soprem segredos
e as dores despertem lembranças.
Que as ânsias por perdas ou ganhos,
estranhos a quem nada espera,
não expulsem as reais Esperanças.
Senhor, concedei-me a graça
de nada pedir, só a entrega
do Sonho, que à terra se nega,
do Amor, que a terra ultrapassa,
da Alma, que, da vossa, é parte.
Da voz, que espera ser ponte,
à Voz, que se expressa na Arte.