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  • carolpanesi

Quarentena


Tenho falado pouco. Tenho escutado mais. Tenho me vasculhado inteira.

Tenho bradado menos, e não significa que não me afeto, e me sinto partida da minha própria teia.

Tenho nos observado...

A gente aponta muito mais do que se cutuca. A gente quer mudar o mundo mas não quer sequer olhar pra dentro e mexer nas nossas próprias estruturas. No nosso egoísmo, orgulho, vaidade, sentimento de superioridade que causa opressão.

Ah, tamanha heresia da separatividade, que segrega, ao invés de trazer união.

Enraizadas na nossa ancestralidade. A mesma que devemos honrar. Talvez por isso doa tanto, a verdade enxergar.

No entanto, a gente quer é achar culpados, a gente quer ser vítima, um coitado.

A gente não compreende que é de dentro pra fora toda transformação.

A gente foca no problema, e não na solução.

A gente tem muita raiva.

A gente compete, mas repete pra gente mesmo dizendo que não.

A gente é tão desconectado.

A natureza grita, e a gente finge não ser carrasco. Não mexam no meu churrasco.

A gente julga o tempo todo.

A gente não encara nossas sombras e as projeta no outro.

Mantém nosso lixo em segredo.

A gente tem é muito medo.

Sabe, a tal criança interior, que reage quando cutucam nossa própria dor? Abandono, rejeição, seja o que for, o que quer que tenha sido... Essa ferida que nos levou a um poço profundo, em essência é degrau, pra um novo mundo.

É verdade o que diz a filosofia. Crise é oportunidade de reconstrução.

Vale respirar fundo, recolher

Vale se conhecer

Vale mudar a percepção.


10/07/2020



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